12 setembro, 2011

A Igreja Perseguida em Mianmar


Mianmar, antiga Birmânia, é conhecido como a "terra dos templos" e está localizado às margens do Golfo de Bengala e do Mar de Andaman, entre Bangladesh e a Tailândia. Seu território apresenta densas florestas e é caracterizado por uma região central de terras baixas, cercadas por um anel de montanhas íngremes e elevadas.

População 

Há uma alta taxa de mortalidade no país devido à AIDS. A doença diminuiu a expectativa de vida para 63 anos e elevou a taxa de mortalidade infantil. A taxa de crescimento demográfico também é afetada pelo vírus, sendo a segunda mais baixa da região.

A maioria dos birmaneses é adepta do budismo, que entrou no país durante os primeiros séculos da era cristã e tem sido a religião dominante desde o século IX. Ele exerce enorme influência sobre a nação.

Os muçulmanos se encontram na região do Arakan, próxima à fronteira com Bangladesh no extremo sudoeste do país. Crenças tradicionais são praticadas por minorias étnicas e influenciam a prática do budismo.

História e governo 

Os birmaneses descendem de tribos mongóis que chegaram à região no século VII. O Estado foi unificado em 1054, com a fundação da dinastia Pagan pelo rei Anawrahta. Durante essa dinastia, inúmeros templos budistas foram construídos.

As primeiras guerras anglo-birmanesas ocorreram em 1824 e 1853. Em 1885, a Grã-Bretanha venceu a terceira guerra anglo-birmanesa e assumiu totalmente o controle do país.

Já no século XX, com o início da II Guerra Mundial, os birmaneses chegaram a auxiliar o Japão em uma tentativa de expulsar os colonizadores ingleses. Finalmente, em 1947, o país obtém sua independência e torna-se uma união federativa de sete distritos e sete Estados minoritários.

Em 1962, o Partido do Programa Socialista da Birmânia (PPSB) assumiu o poder e instaurou o socialismo. Decisões do governo deterioraram a situação econômica, e as mudanças de chefe de Estado, nomeadas pelo PPSB deixaram a população extremamente insatisfeita.

Foram marcadas eleições para 1990, e o PPSB foi derrotado por 80%. O governo, entretanto, ignorou o resultado, proibiu as atividades da oposição, prendeu e exilou os oponentes e reprimiu as manifestações do povo.

Ainda hoje há oponentes presos. A mais famosa é Aung San Suu Kyi, líder da oposição Liga Nacional Pró-Democracia. Ela ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1991. Sua popularidade impede o governo de executá-la, mas ele a mantém incomunicável em sua prisão domiciliar.

Depois que a junta militar aumentou o preço dos combustíveis em agosto de 2007, milhares de birmaneses marcharam em protesto, liderados por pró-democratas e monges budistas.

No final de setembro de 2007, o governo massacrou os manifestantes, assassinando 13 pessoas e detendo milhares por participar dos protestos. Desde então, o regime vem invadindo casas e mosteiros, e detendo suspeitos de atividades pró-democráticas.

Economia

Embora seja rico em recursos naturais, o país sofre com a má administração do governo, com políticas econômicas ineficientes, e com a pobreza rural. Entre 25-36% da população esta abaixo da linha nacional de pobreza.

Grande parte da população está envolvida em atividades ilícitas. Mianmar é o segundo maior produtor de ópio - droga utilizada na fabricação de heroína -, e há sérios problemas no país relacionados ao uso de drogas e à prostituição.

O país também trafica homens, mulheres, e crianças para exploração sexual, serviço doméstico ou trabalhos forçados no Leste e no Sudeste asiático.

Ciclone 

Em maio de 2008, o ciclone Nargis atingiu Mianmar, deixando 134 mil mortos aproximadamente.

No princípio, o governo recusou e proibiu a entrada de agentes humanitários. Mas, depois, deu permissão a poucos grupos.




O cristianismo chegou ao território birmanês no século X, levado por discípulos de Nestório. Mais tarde, chegaram o catolicismo romano no século XVI e o protestantismo em 1813. As reações ao cristianismo têm variado grandemente, mas o país continua sendo uma importante base para o ministério cristão na Ásia.

A Igreja se divide em três grandes grupos: batistas, católicos romanos e anglicanos. Além desses, há outras pequenas denominações protestantes.


A perseguição

O governo ainda interfere nas reuniões e atividades de praticamente todas as organizações, inclusive as religiosas. Ele faz isso de maneira explícita e implícita.

O governo impede clérigos budistas de promoverem os direitos humanos e a liberdade política. Mas, ao mesmo tempo, promove o budismo theravada sobre as outras religiões, em particular entre as minorias étnicas.

As autoridades também desestimulam, e até proíbem, a construção de templos entre as religiões menores. Em alguns casos, funcionários do governo destroem os templos construídos sem autorização. Também é necessário solicitar a permissão do governo para reformar e fazer melhorias nos templos já existentes.

Os cristãos das áreas rurais são perseguidos com frequência pelos governantes, que se alinham com poderosos grupos budistas e tentam utilizar a religião como forma de controlar a população local.

No dia 11 de março de 1998, logo após a meia noite, Sheh Wah Paw, uma jovem de 17 anos, estava orando com sua irmã, Thweh Ghay Say Paw, de 15 anos. Nas proximidades, soldados queimavam cabanas feitas de bambu na região fronteiriça com a Tailândia. Muitos da etnia karen estavam desabrigados e Sheh Wah Paw agradecia a Deus pela cabana de bambu que as abrigava. Próxima daquela cabana rudimentar estava localizada a igreja batista que a família de Sheh frequentava regularmente. Aquela cabana, considerada uma bênção pela família Paw, estava para ser colocada à prova naquele momento.

Kyaw Zwa, o patriarca da família, havia construído um abrigo provisório de concreto embaixo da cabana como esconderijo. Receando que sua casa pudesse ser destruída, ele refugiou-se com sua família naquele local, buscando proteção. No entanto, pouco tempo depois a cabana estava em chamas e o calor era tão intenso que o interior do abrigo parecia um verdadeiro forno. As chamas se espalharam pelo esconderijo e as roupas das pessoas que estavam ali começaram a pegar fogo. Finalmente, as garotas saíram correndo e gritando do abrigo. Infelizmente, duas semanas depois, as duas filhas de Kyaw Zwa faleceram em consequência das queimaduras.

Um líder da região afirmou que aquela não era uma guerra entre cristãos e budistas, mas entre os karenes e os birmaneses, e que estavam usando a religião apenas como pretexto para dividir as duas etnias. Por isso, não é de se estranhar que a igreja batista tenha sido um dos primeiros locais a ser queimado, enquanto o mosteiro budista e os lares ao seu redor permaneceram intocados.

Kyaw Zwa, entristecido pela perda de suas filhas, disse que os birmaneses odiavam os karenes, e que odiavam os karenes cristãos mais ainda. Por algum tempo ele questionou porque as orações de suas filhas aparentemente não tiveram resposta, mas depois seu coração encontrou a paz. Kyaw Zwa então afirmou o seguinte: "Eu sei que Deus me ajudou e que permitiu a morte de minhas filhas. Elas se foram, mas estão livres".


Motivos de oração

1. A Igreja tem crescido rapidamente. Ore para que esse crescimento persista e para que os líderes da Igreja birmanesa desenvolvam métodos eficientes para treinar os novos convertidos e comissioná-los como evangelistas.

2. A Igreja enfrenta ataques de budistas que procuram restringir a atividade cristã. Peça em oração que os cristãos encontrem meios eficazes de responder a esses ataques e que consigam ganhar o respeito dos líderes governamentais e servir ao país.

3. A Igreja birmanesa tem exercido um impacto considerável em todo o continente asiático. Louve a Deus pelo alcance dos ministérios dirigidos por grupos baseados em Mianmar. Ore para que esses trabalhos continuem a exercer impacto e influência em toda a região.

4. A Igreja e o país inteiro sofrem com o problema das drogas. Interceda em oração pelo fim do narcotráfico que domina grande parte da economia birmanesa. Ore também para que os cristãos encontrem métodos viáveis de oposição ao comércio de drogas e forneçam alternativas econômicas ao povo birmanês. 



Fontes

2008 Report on International Religious Freedom

BBC Country profile

- Enciclopédia do Mundo Contemporâneo. São Paulo. Publifolha: 1999

- Portas Abertas Internacional

The World Factbook 

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